domingo, 11 de setembro de 2016

A fidelidade nas aves — O exemplo da ferreirinha-comum

10 de Setembro, sábado
[Attenborough / 60 anos na Natureza (Attenborough / 60 Years in the Wild)]
No café, ainda ao balcão, começo a ver na televisão um documentário sobre a vida selvagem. Tocou-me de imediato, por analogia «maliciosa» com os humanos…, mas antes disso, David Attenborough apresentava-nos as suricatas do deserto de Calaári, minhas antigas amigas há já uns bons anos, por quem tenho particular estima… Dito isto, vamos ao assunto. Tocou-me de imediato, por analogia «maliciosa» com os humanos, a cena do Alfa, do Beta e da de algum modo consorte dos dois. A distância que nos separa destas aves, não tão raras afinal, que se podem encontrar nos jardins suburbanos de Inglaterra, é enorme. Todavia, não infinita…
A fracção de segundo do ápice do encontro furtivo consuma-se como um passo de dança, seguido por um afastamento alado, qual meneio de dança galante. Logo depois, «o senhor dança?», o «marido» é convidado, num rodopio menos alado e «on the open», à vista de todos», Alfa, sem o saber, imita Beto, afastando-se também no mesmo meneio rápido de fuga galante.
O documentário leva-nos com outras espécies animais ao Minnesota, a África, a uma ilha australiana e… — no Arco-Íris, já o nome nos transporta à fantasia, o dono do café, J., compartilha o gosto pela série que dá aos sábados na SIC — ao arquipélago Malaio, NOVA GUINÉ, onde David Attenborough nos dá a conhecer as aves-do-paraíso. Desde o século XIX aos anos noventa do XX apreciamos a evolução da descoberta e conhecimento cada vez mais pormenorizado da vida destas aves. No princípio, era uma floresta praticamente impenetrável.
Neste episódio é nuclear o tema dos genes e a descoberta da estrutura do ADN. Em baixo, a azul, num apontamento quase em tosco se reproduz em palavras a parte do documentário sobre a ferreirinha-comum (a nossa ídola de hoje, cerca do meio-dia no café do Jorge) e a parte que a precede, bem como a que imediatamente lhe sucede.
D. A.: E há estudos de longa duração que esclareceram a nossa evolução e ascendência. Em especial, os de Jane Goodall, que começou o seu trabalho na década de 1960, na Tanzânia, com chimpanzés.
No final, para não crescer água na boca, quem quiser pode clicar no endereço electrónico e visionar um episódio completo sobre as aves-do-paraíso, igualmente concebido, dirigido e interpretado por David Attenborough.
NB – As legendas foram quase integralmente transcritas ipsis verbis. Traduzi directamente um ou outro pormenor.

NB 2 – Não foi possível reproduzir o vídeo gravado, por questão de direitos de autor no YouTube e por ser demasiado extenso para o blogue (apenas autorizados até 100 MB).

***
Suricatas. Só o par dominante se reproduz - os transmissores da estrutura dos genes.
1953, Francis Crick e James Watson, a estrutura de uma molécula complexa que existe nos genes de todos os animais: o ADN.
Hoje, um novo romance da genética molecular. Mais recentemente, o ADN ajudou-nos a perceber melhor as relações familiares entre animais, usando a técnica chamada «a impressão digital do ADN». Foi desenvolvida por Sir Alec Jeffreys, da Universidade de Leicester, em 1884, e usando uma simples mancha de sangue é possível, não apenas identificar um determinado indivíduo, mas estabelecer se está ou não aparentado com outro.
Locutor: «Antigamente, pensava-se que a maioria das aves tinha apenas um parceiro; pela observação dos rituais, do acasalamento e dos cuidados com as crias, deduziu-se que eram fiéis, mas a impressão digital de ADN veio mostrar que estávamos enganados...»
Nos jardins suburbanos de Inglaterra... «Uma fêmea de ferreirinha-comum está pretes a pôr os ovos.    ...    ...    ... Este é o seu parceiro, Alfa, que chilreia energicamente, declarando que o ninho é seu, como como o território à volta dele, de onde recolhe alimento. É habitual o par alimentar-se em conjunto, não há casal mais dedicado. Ele raramente a perde de vista, porque ela não é propriamente fiel.    ...    ...    ...    ... Há outra ave por perto, o Beta. É um macho mais jovem. Alfa não gosta muito dele e estão sempre a discutir. Por vezes, as lutas são violentas e perdem penas. Mas, apesar disso, Beta mantém-se por perto. Esconde-se na sebe. Parece que o Alfa ficou com a fêmea só para ele, mais uma vez. Mas ela está de olho arregalado. Beta continua na sebe e chama-a baixinho. A fêmea vai ter com ele e, agora, enquanto Alfa se alimenta, ela e Beta podem estar juntos. Ela roda a cauda, em sinal de convite... e eles acasalam numa fracção de segundo. Beta voa para longe. Mas, agora, à vista de todos, ela atrai Alfa com o mesmo rodopiar da cauda. E, agora, é ela que acasala com ele. Ela satisfez dois machos, que vão ajudar a alimentar as crias, quando elas nascerem.
A impressão genética de ADN revelou que apenas um quinto das aves aparentemente monogâmicas são realmente fiéis umas às outras.
Jane Goodall e os chimpanzés. As aves-do-paraíso.
David Attenborough: Quando eu tinha cerca de nove anos, li um livro que me deliciou. É este: chama-se O Arquipélago Malaio / Terra da Ave-do-Paraíso, de Alfred Russel Wallace. E tinha uma ilustração especialmente empolgante. É esta. Mostra membros de tribos nativas a caçar aves-do-paraíso, que estão empoleiradas na árvore. E eu sonhei que, um dia, ia até lá ver com os meus próprios olhos.
https://www.youtube.com/watch?v=LL30QtTSz9U (Um episódio de programa de David Attenborough sobre as aves-do-paraíso)

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