sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Visita à Madeira - 10 — Homenagem a Francisco Álvares de Nóbrega

Esta intervenção artística de JC Dionísio, 2015, mostra bem o lado sombrio e trágico da vida de Francisco Álvares de Nóbrega. Há sugestão clara das grades da prisão. O contraste não pode ser maior com a brancura, a leveza, a grande altura, quase a voar para os altos montes do vale de Machico, da ilha toda e do mundo, da representação de Francisco na bela esplanada do Solar do Ribeirinho. Essa brancura, a esbeltez quase alada daqueles que os deuses amam é ele a dizer a si mesmo e a nós: Este é quem sou e não pude ser. Este é quem sou.
*

Rua General António Teixeira de Aguiar


As duas primeiras quadras

Primeiro terceto

2.º terceto

                                                              SONETO

                                                          Á Pátria do A.

      Na fralda de dois íngremes rochedos,
     Que levantão aos Ceos fronte orgulhosa,
     Existe de Maxim a Villa idosa, (1)
     Povoada de escassos arvoredos.

     Pelo meio, alisando alvos penedos,
     Desce extensa Ribeira preguiçosa;
     Porém tão crespa na estação chuvosa,
     Que aos íncolas infunde espanto, e medos.

     Á margens della, em hora atenuada,
     Vi a primeira luz do Sol sereno,
     Em  pobre sim, mas paternal morada.

     Aos trabalhos me affiz desde pequeno,
     O abrigo deixei da Patria amada,
     E vim ser infeliz n’outro terreno.


     (1) Hoje Maxico; chamo-lhe antiga, por ser primeiro
descuberta, que toda a Ilha.
      [RIMAS, edição de 1850, página 8]


                                       *
Homenagem ao poeta no miradouro que tem o seu nome
                      (imagem da wikipédia)











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