domingo, 11 de maio de 2014

De Helsínquia para o Aeroporto

          18-4-2014. Sexta-feira santa
                                                                                                                                                                   
De Helsínquia para o aeroporto de Lisboa, fazendo uma primeira visita ao Museu do Metropolitano de Lisboa; não constituído formalmente, mas sendo-o, na verdade. Cada estação é uma sala e o conjunto das estações, decoradas com imagens em pedra incrustada na parede, painéis cerâmicos e estátuas, merece bem o nome de museu de arte contemporânea. A viagem é um pouco imaginária, pois Helsínquia é o restaurante-pastelaria com o mesmo nome, no n.º 12-B da Avenida da Igreja. E concentrámos no dia de hoje as visitas a três salas do museu feitas em várias ocasiões.
Depois do desembarque na terra dos lusitanos, o nosso olhar espraia-se – dizemos bem; o rio está perto, é terra de marinheiros e a vista do Tejo e da Ponte 25 de Abril ainda não saiu das nossas retinas – a respirar tudo à volta. Descemos as escadas e começamos a aproximação à zona dos portais de acesso à gare. Este corredor largo é magnífico. Só falta a passadeira vermelha, tão brilhante é a recepção ao visitante, o de uma vez e o de todos os dias. Dum lado e doutro, grandes figuras da gente portuguesa, gravada na pedra, dão as boas vindas a quem chega e cumprimentam quem parte.* Creio que ao passar por Gago Coutinho e Sacadura Cabral senti qualquer coisa que não consigo explicar. Não digo sobranceria, foram correctos, mas algo me disse que pareciam dizer um ao outro, divertindo-se à nossa custa, embora com ar afável: «Vá lá! A vossa é só uma viagenzita, comparada com a nossa travessia do Atlântico Sul em 22. Isso é que foi adrenalina.» Todos quantos ali nos esperam são uma lição, de cultura, vida, humanidade. Passados os portalós, nos vários átrios, zonas de circulação e gares, a mesma festa de história, com homens da política, espectáculo, das artes e letras. Solnado, Agostinho da Silva, Saramago, Gulbenkian, Nemésio, Eusébio, Carlos Lopes… Aos homens da política, digamos os pais fundadores da democracia portuguesa, quais pontos cardeais, é dada uma espécie de primazia ou tarefa de serviço: estão postados, dois a dois, em cada um dos extremos da gare. Sá Carneiro e Freitas do Amaral, dum lado, Álvaro Cunhal e Mário Soares, do outro. Não é casual a arrumação, vagamente – digo eu – por famílias políticas, mas dentro de cada uma, em margens opostas.  
Há muito que ver e, apesar de alguma pressa em chegar ao destino, fomos dando um rápido passeio pela estação. Perdi-me um pouco e a minha acompanhante já me esperava um tanto impaciente. Entramos na carruagem, com destino aos Restauradores, deixando a linha vermelha no Saldanha e mudando aí para a linha amarela.
              * São as Figuras de Lisboa, desenhadas pelo cartoonista António, cujo nome ficou também escrito na pedra, ao fundo, do lado direito, a seguir a Natália Correia. Dentro da estação, estes grandes homens e mulheres continuam representados. No total, António Antunes criou cinquenta figuras, em quarenta e nove painéis, como se pode ler na informação prestada pelo metropolitano de Lisboa. Ver, abaixo, a hiperligação.  
           (Actualizado em 09-06-2014, com esta nota, a imagem do registo de autoria de ANTÓNIO e o completamento da legenda a Eusébio.)
                                                                     
O porto de Helsínquia










Entrada nas instalações do metropolitano

A mesma escadaria


Pardal Monteiro, arquitecto

Cassiano Branco, arquitecto

Fernando Lopes Graça, compositor e maestro

Sophia de Mello Breyner, escritora

Alexandre O'Neill, escritor

José Cardoso Pires, escritor

Columbano Bordalo Pinheiro, pintor

Fernando Pessoa, escritor

Amadeo de Sousa-Cardoso, pintor

Stuart Carvalhais, caricaturista

António Lobo Antunes, escritor

Egas Moniz, neurologista
Prémio Nobel da Medicina - 1949

Gago Coutinho
Sacadura Cabral
Aviadores, Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul - 1922

Almada Negreiros, pintor

Leopoldo de Almeida, escultor

David de Mourão-Ferreira, escritor



*


Sá Carneiro, político

Freitas do Amaral, político


Carlos Lopes
Campeão olímpico da maratona de Los Angeles - 1984
Campeão mundial de corta-mato, em 1976, 1984, 1985

Eusébio, futebolista
Bola de ouro . 1966
Bota de ouro . 1967/1968 . 1972/1973




Álvaro Cunhal, político

Mário Soares, político

Rafael Bordalo Pinheiro, caricaturista e ceramista

Eça de Queiroz, escritor




Vitorino Nemésio, escritor

João Abel Manta, caricaturista

Carlos Paredes, compositor e guitarrrista

Duarte Pacheco, urbanista

Mário Cesariny, pintor e escritor

Paula Rego, pintora



Vergílio Ferreira, escritor

Maria João Pires, pianista

Vieira da Silva, pintora

Luís de Freitas Branco, compositor

Júlio Pomar, pintor

Aquilino Ribeiro, escritor


António Sérgio, cooperativista


Beatriz Costa, actriz



Vasco Santana, actor

António Silva, actor

João Villaret, actor

Raul Solnado, actor



Ferreira de Castro, escritor

Calouste Gulbenkian, filantropo


Viana da Mota, compositor


José Saramago, escritor

Agostinho da Silva, filósofo


Amália Rodrigues, fadista

*






*

     Tem muito interesse e qualidade a ficha técnica da responsabilidade do Metropolitano de Lisboa, sobre a estação do Aeroporto. Aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário