quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Receituário em jeito de toponímia

      (9-X-2013)

     Ontem, descobri algo que me espantou e agradou. Agradou, mas lá fui pensando no caso. Encontrei três exemplos. Hoje, com o tempo limitado ou autolimitado, andei a pé -- de outra maneira a cidade torna-se invisível e não é possível achar nenhum tesouro -- e acabei, mais ou menos por completar o círculo. Grosso modo, um círculo com pólos no Largo do Outeirinho e na Rua Dias Neiva/Largo dos Polomes. Encontrei outras tantas placas-receituário em jeito de toponímia. A receita, cada uma delas, é um apelo e incentivo ao exercício de viver e conviver. Viva, dance, converse, pense, pela sua saúde! Transforme cada rua e praça na ágora de Atenas. A placa que iniciou o meu espanto e me parece a melhor (também por ser a primeira?) é a da Rua Miguel Bombarda. A rua tem o seu quê de perenidade, de gala. Detive-me a olhar para a antiga casa de ferragens JOAQUIM MARQUES DOS REIS, com os dizeres indicativos da actividade inscritos no mármore por sobre as padieiras de porta e montras. A firma foi construída para gerações e ainda hoje ali vemos herança e lembrança. E nobreza. Mas há mais... Nesta placa não vejo dissonância. Julgo que a rua é de facto perfeita para se falar com gente; e entrar nalgum estabelecimento, a começar, precisando, na oficina de reparação de calçado, de que sou cliente.

     Lá fui pensando...

     Comparei isto aos graffiti. No que se refere a usar um espaço de usufruto público (de propriedade particular ou pública), defendido por regulamentação municipal ou outra. Uma parede como uma folha de papel. 

     Trata-se de um embelezamento, reforço de qualidade de vida em zona da cidade que é um concentrado de memória, de serviços, estabelecimentos, ofertas culturais e de lazer. E aceita-se como arte, em zona circunscrita. É outro modo da chamada arte pública, as esculturas que encontramos espalhadas pela cidade. Afim dos registos de azulejos. 

     Ali estão a interpelar-nos, com bonomia e convite, subalternas, embora, das verdadeiras placas toponímicas, muitas delas também cheias de sugestões. 

***
     A TRANSFORMA está ligada a esta ideia e, de qualquer modo, deu-lhe corpo. Quem quiser saber o que é a TRANSFORMA pode começar por aqui. É um princípio.

     Obs. -- Clique nas fotografias, para ampliar ou ver em ecrã inteiro toda a sequência.


 Esta é a minha eleita











 Já lá devo ter achado algum, sem dar por isso. São os que têm mais graça.






1 comentário:

  1. Vendo bem, até gosto. Estou a ser menos crítico do que fui no facebook. Eu já suspeitava de que a TRANSFORMA andasse metida nisto. Na realidade, parece-me uma ideia jeitosa, que vai desencadear reacções e atrair visitantes. E tem bom gosto, humor, é inventiva e não fere a minha sensibilidade.
    Os teus comentários são muito apropriados, de alguém que anda de olhos bem abertos e disponível para aceitar o que vê.
    Abraço!

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