domingo, 16 de junho de 2013

Sarge
É dia de festa na aldeia
     Dois dias fora tiraram-me um bocado da realidade, e talvez não tenham sido afixados os cartazes do costume. Convidado pelo som de uma banda de música, que se ouvia distintamente, saí de casa com receio de não chegar a tempo. Como todos os diabos têm sorte, como sói dizer-se, desta vez também tive. Ainda pude assistir a parte do concerto, a várias peças características do repertório destas bandas, de que gosto sempre um pouco mais. Os músicos são trinta e seis, se não contei mal, com garantias de renovação, pois até crianças vi, entre os executantes. Terminado o espectáculo, havia mesa posta para quem quisesse servir-se e confraternizar.
     Banda da Sociedade Filarmónica Incrível Aldeia Grandense, é o nome da banda que nos ofereceu o seu saber e alegria.
        Este encontro comunitário no adro da capela seguiu-se à procissão, que tive pena de perder.
*
        Vale a pena visitar o sítio da sociedade filarmónica.
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       Lembro «Procissão -- festa na aldeia», poesia de uma grande simplicidade e beleza.


Procissão

Letra: António Lopes Ribeiro
Intérprete: João Villaret
Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.


Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.


Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.


Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.


Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!


Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!


Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.


Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!


Com o calor, o Prior vai aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!


Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.
Clique no endereço, abaixo, para ouvir o dizer cantado de João Villaret. João Villaret torna os versos muito melhores. Para quem o ouviu, a «Procissão» passa a ser dele e de António Lopes Ribeiro; a letra, a toada e, até, o discreto acompanhamento musical formam um todo indivisível.
 http://www.youtube.com/watch?v=YsDJBCLWvdo

 






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