domingo, 24 de fevereiro de 2013

Acordo Ortográfico, a opinião de M. Gaspar Martins

Outra opinião sobre o acordo ortográfico, na secção Cartas à Directora.
Ver o artigo, aqui referido, neste blogue, em 21 de Fevereiro.*


AO – Emoção não é razão
Prossegue o PÚBLICO a sua campanha contra o Acordo Ortográfico (AO). Desta feita com mais uma página disponibilizada em 21 de fevereiro de 2013 a uma professora catedrática que, infelizmente, também só se socorre de argumentos emotivos, mas sem razão. Continua a confundir ortografia com oralidade. Insisto que é esta que determina aquela, tal como não seria pelo facto de, por exemplo, os russos ou os gregos trocarem o alfabeto cirílico pelo latino que passariam a falar língua diferente. Argumentos como “línguas ameaçadas de extinção” não se aplicam ao português falado por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Tal como comparar “ato” ao correspondente inglês “act” é um embuste, porque os ingleses pronunciam o “c” e nós não. Salvo se queremos manter a subordinação à cultura britânica que faz com que muitos dos opositores do AO pronunciem à inglesa as nossas palavras como “mídia”, “Flórida”, “éme-ai-ti”, “rèiguebi”, etc. Do mesmo modo, não fica bem a uma catedrática invocar “fato” em lugar de “facto”, pois nós pronunciamos e portanto escrevemos “facto”. Assim como é lamentável o argumento de “regime totalitário” atribuído ao AO qualificado como “barbaridade”. Igual lógica legitimaria acusar do mesmo os opositores do AO ao insistirem na sua revogação. Ninguém os culpa por continuarem a escrever à moda antiga, salvo daqui a uns anos os adolescentes que lhes chamarão analfabetos… Como o PÚBLICO não gosta de oposição, já sei o destino deste comentário — a cesta secção (e não seção, porque pronuncio o “c”, ao contrário dos irmãos brasileiros).
M. Gaspar Martins, Porto
* Ver, aqui.

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