quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Adeus, Lucien Donnat


                                               
                                        Hotel Palácio  Imagem da internet         
       

Vale a pena ler! Para certas pessoas, por alguma vez terem entrado num destes hotéis, e é o meu caso, em ocasião especial, familiar; as outras, por um interesse histórico-cultural. E a todos interessará a qualidade do texto e ficar a saber quem foi Lucien Donnat. Vem no PÚBLICO de hoje, de que se cita dois excertos:

 
O excelentíssimo Hotel Palácio, no Estoril, foi concebido, decorado e recomposto por Lucien Donnat (LD) até à hora de morrer. No mais belo hotel de Lisboa, o Avenida Palace, nos Restauradores, em que todos os quartos são diferentes, também continua, intocável, o espírito material do gosto, que não conseguia senão ser bom, do LD. 

Devemos ir aos lugares que LD sagrou. São sítios que não morreram; que mal começaram a nascer. E que exigem a nossa presença, por muito tardia, para reaparecer. Adeus e muito obrigados pelo que nos deu. 
 [Miguel Esteves Cardoso]

No dia 28 p. p., o PÚBLICO trouxe duas páginas consagradas a Lucien Donnat, com «Obituário», por Alexandra Prado Coelho e «O palco como uma fotografia viva da realidade», por Tiago Bartolomeu Costa.
Transcrevo algumas «chamadas»:

Tinha um «enorme bom gosto» e um «humor cáustico». Lucien Donnat, cenógrafo e decorador, colaborador e amigo de Amélia Rey Colaço, morreu aos 92 anos, em Lisboa / João Mota visitou Donnat no hospital: este disse-lhe que queria pintar a Sagrada Família de Gaudi [de «Obituário»]. Viscontiano: entre a ambígua teatralidade dos espaços e a sua profunda verosimilhança [de «O palco...].

                                                                     ***

Adeus, Lucien Donnat 
MIGUEL ESTEVES CARDOSO 30.01.2013


O PÚBLICO de anteontem publicou um encantador obituário de Lucien Donnat escrito por Alexandra Prado Coelho. Também trazia o anúncio do funeral dele: bonito, graficamente inimputável. Como li o anúncio antes do texto da Alexandra, fiquei, primeiro, triste e chocado e, depois, quando cheguei às duas páginas que o PÚBLICO lhe deu, consolado e feliz.

O teatro é uma harsh mistress mas os hotéis são muito menos temporários. O excelentíssimo Hotel Palácio, no Estoril, foi concebido, decorado e recomposto por Lucien Donnat (LD) até à hora de morrer.



No mais belo hotel de Lisboa, o Avenida Palace, nos Restauradores, em que todos os quartos são diferentes, também continua, intocável, o espírito material do gosto, que não conseguia senão ser bom, do LD.

Os hotéis - a começar pelo Palácio, cujo recorte e cuja dignidade estética tiveram a coragem inteligente de tudo ficarem a dever, durante muito mais de meio século, a LD - são muito mais perenes do que as peças de teatro. O Palácio do Estoril é certamente o hotel mais bonito, confortável e elegante de Portugal. LD é o autor das mais recentes actualizações. O que mais surpreende no Palácio não é o passado (Graham Greene, John Le Carré), mas o futuro, sabiamente garantido por Lucien Donnat.



Devemos ir aos lugares que LD sagrou. São sítios que não morreram; que mal começaram a nascer. E que exigem a nossa presença, por muito tardia, para reaparecer. Adeus e muito obrigados pelo que nos deu. 

Sem comentários:

Enviar um comentário